Comentário na web vira caso de polícia e gera ato contra 'gordofobia'
'Sou gorda e nesse verão vou usar biquíni, sim', postou professora. Desconhecido, que compartilhou e criticou, foi intimado a depor.
Lívia Torres Do G1 Rio
Mulheres pediram 'silêncio' para os preconceituosos (Foto: Divulgação / Filipe Reis)
Uma foto de biquíni da professora Thais Oliveira, de 21 anos, em sua página do Facebook, virou caso de polícia e mobilizou mulheres a fazerem um protesto fotográfico. Sem vergonha dos quilos extras, a jovem postou em mais um dia de calor no Rio: "Sou gorda e nesse verão vou usar biquíni, sim, e, se reclamar, vai ter topless".
A foto foi compartilhada na rede social por um homem que não conhecia Thais e que, em tom de preconceito, dizia que "tem que zoar essas gordinhas mesmo".
Postagem no Facebook ofendia professora, que prestou queixa na delegacia (Foto: Reprodução/Facebook)
A resposta veio de duas formas. Thais denunciou o caso à polícia, que já intimou o homem, que não teve o nome divulgado, a depor. Segundo a professora, o rapaz apagou as ofensas de sua página no Facebook.
“Ele me pediu desculpas, eu o perdoei pelo comentário infeliz, mas tomei as medidas cabíveis", afirmou Thais.
Ato fotográfico
Além disso, o apoio recebido nas redes socias mobilizou 13 mulheres, incluindo Thais, a realizarem um ato fotográfico contra a"gordofobia".
No dia 18 deste mês, orgulhosas de suas curvas e pedindo o silêncio dos preconceituosos, elas posaram para um ensaio na Praia Vermelha, na Urca, Zona Sul do Rio. A história foi divulgada pelo jornal “O Melhor da Baixada”.
O ato, segundo Thais, foi marcado através da internet e a escolha da locação, a praia, foi para que todas pudessem posar de biquíni. “Chamamos atenção de muita gente no dia. Quiseram tirar fotos com a gente e quando explicávamos o motivo do ensaio, todos apoiavam. Teve até turista gringo tirando foto. O mal a gente tem que pagar com o bem”, disse.
Thais e mais 12 mulheres posaram na Praia Vermelha (Foto: Divulgação / Filipe Reis)
"O ensaio foi uma forma de mostrar o que a mulher brasileira tem de melhor, sem esconder. Eu fui acusada de muitas coisas, coisas horríveis, sem conhecer o rapaz. Falaram mal não só de mim, mas de outras mulheres. Ele foi muito preconceituoso em tudo que falou. Muitas meninas tinham autoestima baixa e quando viram as fotos, começaram a se achar bonitas. Foi uma proposta de a mulher se amar mais", contou ao G1 nesta segunda-feira (26).
Thais, que é moradora de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, prestou queixa na 54ª DP (Belford Roxo). De acordo com a polícia, o caso foi tipificado como injúria e encaminhado para o Juizado Especial Criminal (Jecrim).
17 Comentários
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Se cada um cuidasse da própria vida, nada disso aconteceria, ou bem menos, isso é fato. continuar lendo
Houve uma mudança no padrão adotado. Do europeu renascentista, principalmente o italiano, onde a mulher gorda era exuberante para o padrão americano de magreza. O brasileiro, como bom macaco despersonalizado que é, rapidamente adotou o novo modelo. Quanto mais velho ficamos, menos paciência temos com a imbecilidade reinante. Preconceito, de qualquer tipo, é fruto de incapacidade intelectual. continuar lendo
Adorei sua análise, Jorge. continuar lendo
Qualquer tipo de preconceito deve ser banido. Nenhum padrão criado por qualquer grupo, deve segregar outros de viver bem. continuar lendo
Ótima resposta, Felipe!
Quanto à resposta inoportuna do Sr. Charles C., criminosos não sofrem preconceito. Pessoas que cometem crimes têm que arcar com as consequências. continuar lendo
Inclusive preconceito contra advogados. continuar lendo
Muito infeliz seu comentário, Charles C. Desde quando criminoso sofre preconceito? Ele apenas paga por seus atos. continuar lendo
Só discordo dos colegas em um ponto. Criminoso não paga pelos seus atos como deveria. Pelo menos no Brasil não. continuar lendo
Ser diferente é motivo para prática de bullying por alguns que pensam que são melhores do que os outros. o ser humano é triste e mau. continuar lendo